Catedral Nossa Senhora Aparecida Votuporanga-SP |
O Advento é um tempo de preparação para o natal do Senhor Jesus, por isso ele é cheio de esperança. E essa virtude não nos decepciona, porque, como diz São Paulo, ela foi derramada em nossos corações pelo Espírito Santo! (Cf. Rm 5,1-6).
Então, temos a certeza de que alcançaremos dias melhores, mais alegria, ânimo e um ano sob a bênção de Deus, uma vez que o Advento nos proporciona tudo isso por causa da celebração do nascimento de Cristo.
Mas é preciso uma boa preparação! Não se participa de uma grande festa de qualquer jeito e o Advento nos traz novas vestes para o coração. Por isso, preparamos este post para relembrar a importância desse tempo e como vivê-lo bem. Confira!
A palavra “advento” vem do latim adventus e significa: chegada, aproximação, vinda. Para a vida cristã, o Advento é um tempo antes do Natal. Logo, nos prepara para o natal do Filho de Deus, a segunda maior festa cristã e com isso inicia um novo ano litúrgico na Igreja.
A Tradição da Igreja diz que a vivência do Advento entre os cristãos começou entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo. No final do século IV na Gália (atual França) e na Espanha, tinha caráter penitencial, e durava 6 semanas, como na Quaresma (quaresma de São Martinho).
No entanto, esse caráter penitencial se devia à preparação dos candidatos para o batismo na festa da Epifania. Apenas no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor.
Após a reforma da liturgia, o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja sabiamente preservou a dimensão escatológica deste tempo.
Como vimos a pouco, o Advento nos prepara para celebrar duas verdades de nossa fé: a primeira é o nascimento de Jesus em Belém; e a segunda é a esperança de Sua vinda definitiva como nos prometem as Escrituras e a Igreja.
Para isso, o Advento possui quatro domingos. Os dois primeiros nos preparam para a segunda vinda de Cristo; o terceiro é o domingo da alegria - gaudete, em latim; e o quarto antecede a solenidade do nascimento de Cristo.
A solenidade do nascimento de Jesus marca o início da vida cristã na história e, no calendário litúrgico, começa um novo ano para a Igreja e todos os cristãos. Logo, o Advento vem revestido de alegria, esperança, expectativa e pobreza evangélica que nos faz irmãos.
Mas a Igreja nos ajuda a viver este tempo através dos sinais, das cores, das vestes, dos símbolos. Tudo com um significado próprio e cheio de sentido para nos ajudar a rezar e preparar o coração para iniciar um novo ano litúrgico.
Assim como uma grande festa pede uma grande preparação, da mesma forma acontece com o Advento, porque ele nos prepara para o Natal. Logo, tudo muda e a transformação é visual, vemos pelos sinais que a Igreja nos apresenta. Vamos a eles:
Também a árvore é um símbolo do Natal. De acordo com a Igreja Católica, ela representa a vida, já que, durante o inverno do Hemisfério Norte, época em que ocorre o Natal por lá, o pinheiro é a única árvore que não perde suas folhas.
Então, ornamentamos a árvore para simbolizar que a vida que nasce nunca morrerá, ainda que haja inverno, escuridão ou qualquer dificuldade que esconda a luz, Cristo é a nossa luz e ilumina nossa vida para sempre.
Além dos sinais citados, há outro bem próprio desse tempo que é a coroa do Advento. Ela é simples, feita de ramos verdes, em círculo, com quatro velas de cores diferentes: branca, verde, vermelha e roxa, que são acesas em cada domingo nos conduzindo a Cristo.
O formato da coroa do Advento em círculo significa a eternidade de Deus, sem início e sem fim, e as velas coloridas trazem um significado especial nesta ordem:
A primeira vela significa a Encarnação, Jesus Histórico; a segunda, Jesus nos pobres e necessitados; a terceira, Jesus nos Sacramentos; a quarta, Parusia: segunda vinda de Jesus. Cada cor é acesa em um domingo diferente até que cheguemos à celebração do Natal de Jesus.
As velas nos remetem à luz maior que é Cristo e ao mistério de sua encarnação. Agora a preparação da casa acompanha a do coração. Logo, vamos abraçar a espiritualidade do Advento, começando pela Palavra de Deus.
A Igreja, como uma boa mãe, se preocupa com a fé de seus filhos(as) e por isso organiza as leituras das Escrituras com três personagens que nos ajudam a acolher e viver bem a espiritualidade da espera. Vamos conhecê-los:
O profeta Isaías é um dos personagens bíblicos que nos acompanha. Ele é visto como o profeta da esperança, pois alimenta a fé do povo de Deus e anuncia a vinda do Messias através de um virgem (cf. Is 7,14), assim nossa fé também é renovada por ele.
Outro personagem do Advento é João Batista (cf. Jo 1,29). Ele é o modelo de uma vida que sabe esperar as promessas de Deus e anunciar a chegada do Salvador. Sua fé, assim como a nossa, é fundamentada no Messias e na esperança de Seu Reino de paz e de alegria.
A terceira e importante figura do Advento é a Virgem Maria (cf. Lc 1,26). Ela é a escolhida para ser a mãe do Salvador; o grande modelo de coração que acolheu a Palavra e gerou Jesus para o mundo até que Ele chegasse em cada um de nós e nossas famílias.
Agora que sabemos mais sobre o Advento, vamos preparar nossa vida para o Natal do Senhor. A primeira atitude é a de esperança, de alegria serena e uma fé confiante. A segunda, é de vigilância, porque estamos à espera do Senhor que vem ao nosso encontro.
Assim, a espiritualidade do Advento é marcada por algumas atitudes essenciais que são frutos da vida de Cristo entre nós; e que fazem do coração humano uma manjedoura cheia de amor para acolher a Sagrada Família na noite de Natal.
É comprovado que o mês de dezembro é reservado para as confraternizações, festas, troca de presentes; é um mês que marca o fim de um tempo e o início de outro. Tudo isso faz parte da vida humana, circula na sociedade e movimenta o comércio.
Mas, para o cristão, o Natal não é apenas isso. Esta celebração é carregada de sentido, nos preenche de um amor diferente, de um espírito de paz e alegria que não se explica com palavras humanas, mas nos envia para praticarmos o bem ao próximo.
Se o Advento nos envia para o Senhor, nos atrai também para o próximo, porque no irmão carente - em todos os sentidos - encontramos o Cristo, que precisou de um estábulo para nascer, mas teve o conforto e a presença de seus pais.
Por isso, que não há Natal sem solidariedade, principalmente com os mais vulneráveis, aqueles que não têm como retribuir, como nos ensina o Senhor. Logo, lembramos dos migrantes e refugiados, nossos irmãos que esperam dias melhores, em uma nova pátria.
Portanto, que a chegada do Natal nos faça missionários do grande amor de Deus através de gestos concretos de solidariedade e ajuda aos irmãos migrantes e refugiados que encontramos no caminho.