Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.
Terminado o "Ciclo da Páscoa" com a Festa de Pentecostes, a Igreja festeja a Santíssima Trindade, destacando a dimensão comunitária da fé. Procura mostrar Deus que se manifesta na Pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Isto amplia a realidade comunitária e familiar da vida, porque Deus se revela dentro de um contexto de família, de vida comunitária e de profunda unidade.
Para viver em comunidade, toda pessoa tem que se despir de determinadas situações, de preconceitos e de critérios concebidos subjetivamente. Além disto, é fundamental a capacidade individual em atitudes de misericórdia. É o que encontramos nas palavras da Sagrada Escritura: "Deus é compassivo e misericordioso, lento para a cólera, rico em bondade e fidelidade" (Ex 34, 6).
O mal nunca pode ser objeto de vingança, porque isto ultrapassa o sentido real de uma verdadeira comunidade cristã. O bem deve ser conquistado por caminhos honestos, para dizer que não podemos usar de injustiça para conquistar o bem. Diz o ditado que "só Deus pode realizar o bem por caminhos tortos". João diz que "Deus é amor" (I Jo 4, 8), e ele só faz o bem sem vingança.
Deus não permite que Abraão sacrifique o filho Isaac, porque ninguém tem direito de tirar a vida do outro. Ela não nos pertence e todas as pessoas têm direito de viver, mas com responsabilidade. O assassinato é afronta ao próprio Criador e destruição da natureza na sua mais radical realidade.
O resultado do que realizamos na partilha, no contexto comunitário, tem como consequência a alegria. É o mesmo que acontece num jogo de futebol. O gol pode levar à vitória. Ficam alegres os jogadores e todos os torcedores. Ele é fruto do esforço de toda a equipe, de harmonia na partilha.
O egoísmo coloca em risco uma vitória. Um solitário não ama e nem contribui com o comunitário. Se Deus é comunidade de amor, como filhos e filhas as pessoas não podem ser individualistas, voltadas apenas para sucessos particulares, sem dimensão social e do bem comum.