Cristo Migrante


15/06/2014 - 21:12
Dom Canísio Klaus

Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

De 15 a 22 de junho celebramos, em todo país, a 29ª Semana Nacional do Migrante. O tema motivador – Migração e Liberdade - está em sintonia com a Campanha da Fraternidade de 2014, proclamando que “migrar é um direito e tráfico humano é crime”. Em meio a isso, no dia 19 de junho, celebramos a festa do Corpo e Sangue de Cristo, conhecida como Festa de Corpus Christi.

A festa de Corpus Christi tem como característica expressar a unidade dos cristãos católicos em torno da Eucaristia. Por causa disso, em muitos lugares, as várias paróquias da cidade se unem em torno de uma mesma celebração. É o que acontece, por exemplo, em Santa Cruz do Sul, onde no final da missa acontece uma grande procissão pelas ruas centrais da cidade. Em outras paróquias, o povo das comunidades é motivado a se dirigir à Igreja matriz para expressar a unidade do povo daquela paróquia.

O fato de reunir o povo de uma mesma cidade em torno da Eucaristia é um gesto profético e um sinal de fraternidade. Na procissão, são convidadas a participarem pessoas de todas as culturas, classes sociais, idades e etnias que formam o conjunto da cidade. Nela participam as pessoas nascidas no município e as pessoas que são originárias de outros lugares, e estabeleceram residência na cidade. A caminhada pelas ruas facilita esta integração, pelo fato de ser um ato público, onde não se faz distinção de pessoas.

A procissão do Corpus Christi de 2014 deverá enfocar a temática da migração e do tráfico humano. O mesmo Cristo que é adorado na hóstia consagrada e solenemente aclamado na procissão pelas ruas centrais da cidade, está presente nos irmãos migrantes e naqueles que são vítimas do tráfico. Por isso, além de fitar os olhos no ostensório onde está a hóstia consagrada, convém também olhar para as irmãs e os irmãos que caminham ao nosso lado, e que são habitação de Deus. Entre estes, provavelmente estarão migrantes do Haiti e de vários países da América Latina, do Oriente Médio e da África. Possivelmente também se encontrem alguns turistas que vieram ao Brasil para acompanhar os jogos da Copa do Mundo. Não é de descartar a possibilidade de também existirem alguns que são vítimas do tráfico humano. Todos merecem ser acolhidos pelas comunidades cristãs, concedendo-lhes o direito de partilhar suas alegrias e seus sofrimentos. A eles, diz o Papa Francisco: “não percais a esperança de que possais encontrar em vossos caminhos uma mão estendida; que vos seja permitido experimentar a solidariedade fraterna e o calor da amizade”.

Atendendo ao convite que o próprio Cristo nos fez enquanto perambulou pelas terras da Palestina, façamos da procissão de Corpus Christi um ato de acolhida aos irmãos peregrinos, migrantes e forasteiros, sabendo que através deles Cristo estabelece sua morada em nosso meio: “Eu era migrante e vocês me acolheram” (Mt 25,35).


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