Catedral Nossa Senhora Aparecida Votuporanga-SP |
Já com a Praça São Pedro enfeitada para o Natal, o Pontífice rezou com milhares de fiéis a oração do Angelus e comentou o trecho do evangelista Marcos, que fala de João Batista, o precursor de Jesus. O Papa se deteve no versículo em que o Batista é descrito como "voz daquele que grita no deserto", para refletir sobre as palavras "voz" e "deserto".
O deserto é o local do silêncio e da essencialidade, onde não é permitido divagar sobre coisas inúteis, mas é preciso se concentrar no que é indispensável para viver.
“Eis um chamado sempre atual: para proceder no caminho da vida, é necessário despir-se do 'a mais', porque viver bem não quer dizer encher-se de coisas inúteis, mas se libertar do supérfluo, para cavar em profundidade dentro de si, para compreender aquilo que é realmente importante diante de Deus.”
Para Francisco, somente se fizermos espaço a Jesus através do silêncio e da oração, saberemos nos libertar da poluição das palavras vãs e dos falatórios. Nesse sentido, o silêncio e a sobriedade – nas palavras, no uso das coisas, na mídia e nas redes sociais – não são só “promessas” ou virtude, mas elementos essenciais da vida cristã.
Já a voz é o instrumento com o qual manifestamos o que pensamos e levamos no coração, e está intimamente relacionada ao silêncio, porque expressa aquilo que amadurece dentro, da escuta daquilo que o Espírito sugere.
"Se não se é capaz de calar, é difícil que se tenha algo de bom a dizer; enquanto mais atento é o silêncio, mais forte é a palavra", disse o Papa.
Francisco então convida os fiéis a se questionarem: que lugar ocupa o silêncio nos meus dias? É um silêncio vazio, talvez opressor, ou um espaço de escuta, de oração, onde custodiar o coração? A minha vida é sóbria ou repleta de coisas supérfluas?
Mesmo que signifique ir contracorrente, exortou, valorizemos o silêncio, a sobriedade e a escuta.
"Que Maria, Virgem do silêncio, nos ajude a amar o deserto, para nos tornar vozes críveis que anunciam o seu Filho que vem."