Dom Walmor sobre nova presidência da CNBB: "aberta ao diálogo"


10/05/2019 - 20:36

A nova presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conversou com a imprensa nesta sexta-feira, 10, sobre os trabalhos que serão desenvolvidos no próximo quadriênio 2019-2023. O novo presidente da CNBB, Dom Walmor de Oliveira, arcebispo de Belo Horizonte (MG), classificou o momento como importante para a Igreja no Brasil e teve algumas de suas ações comparadas por jornalistas às do Papa. “Experimentamos uma grande comunhão entre nós bispos, o povo e o Papa Francisco”, revelou o bispo que disse ter se sentido lisonjeado com a comparação.

A postura adotada pela nova presidência foi definida por Dom Walmor: “Somos e seremos uma Igreja a serviço da vida e aberta ao diálogo”. Citando as novas diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, o arcebispo falou da necessidade de atenção à cultura urbana e aos novos desafios atuais. “O caminho da sociedade é exigente. (…) São tempos de grandes mudanças culturais”, observou. Para Dom Walmor, os valores inegociáveis do evangelho ajudarão a sociedade a encontrar novos caminhos: “Temos uma contribuição essencial, o evangelho”.

O respeito às instâncias é também umas das prioridades da CNBB. De acordo com Dom Walmor, o diálogo será o caminho escolhido pela conferência no contato com todas as instituições, sejam elas federais, estaduais, municipais, particulares ou sociais. “Torceremos para que todos cumpram seus papéis”, completou. O arcebispo retomou a mensagem da CNBB ao povo brasileiro e reforçou o convite à sociedade para que não sigam caminhos em direção a violência.

A Igreja contra os abusos

O presidente da CNBB também comentou durante a coletiva de imprensa o Motu Proprio publicado nesta quinta-feira, 9,  de autoria do Papa Francisco, e que é dedicado à luta contra os abusos sexuais cometidos por clérigos e religiosos. O documento citava as ações ou omissões dos bispos e dos superiores religiosos “tendentes a interferir ou contornar” as investigações sobre os abusos.

“Em sintonia com o Papa temos o princípio de tolerância zero. Nosso compromisso é com a justiça, o bem e a verdade (…). Iremos operar de maneira decisiva, forte em proteção às vítimas sobretudo na prevenção”, declarou Dom Walmor.

Relação com o Governo Federal

O novo secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella respondeu à questionamentos sobre uma possível aproximação da CNBB com o atual Governo Federal. Sobre o assunto, o bispo enalteceu a comunhão da presidência do episcopado brasileiro e retomou a “bandeira do diálogo” levantada pelo presidente da CNBB. “Iremos dialogar com quem for preciso para cumprir aquilo que Dom Walmor indicou”, afirmou o secretário-geral, que concluiu o tema: “Não cansaremos de dialogar e buscar a paz em um mundo muito fragmentado por exageros e fundamentalismos”.

“Precisamos nos ajudar, precisamos de diálogos e compreensão lúcida. (…) O Brasil precisa de muitas reformas, com atenção e clarividência. (…) É um enorme desafio para quem governa, discute legislação, para todos os cidadãos. (…) Precisamos ter referências fundamentais como o evangelho de Jesus e cooperação para abrirmos novos caminhos”, comentou Dom Walmor.

Conservadores x Progressistas

A CNBB é apontada, de acordo com jornalistas, como uma conferência dividida entre conservadores e progressistas. Sobre a afirmação, o primeiro vice-presidente, Dom Jaime Spengler, revelou não passar de uma ideia inexistente na prática. “Somos conservadores, porque seguimos o evangelho, e progressistas, porque atuamos pautados pela Doutrina Social da Igreja. Essa qualificação não existe entre nós, o que existe é o desejo de respondermos de forma eficaz aos desafios da sociedade”, sublinhou o bispo.

Novas Diretrizes

O grande desafio da nova presidência da CNBB é a implantação das novas diretrizes, de acordo com Dom Joel Portella. “As diretrizes têm características muito peculiares e (…) cada realidade deverá aplicá-la segundo seu contexto”, esclareceu. Para o bispo, as novas diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil é como que uma “constituição” para a CNBB. “É nossa missão, é nossa responsabilidade”, revelou.

Para Dom Walmor, as novas diretrizes colocam os bispos diante daquilo que de fato é um desafio e uma complexidade: a urbanização. “A Igreja vive este enorme desafio, uma cultura que muda muito rapidamente e pede novas posturas, gestos e respostas (…). O contexto atual pede de nós novas respostas, e o mesmo acontece para governos e instituições. (…) As diretrizes são um enorme desafio que vai pedir criatividade e centralidade da palavra de Deus”.

A Igreja, em sua tradição, deve, segundo o presidente da CNBB, colocar a palavra de Deus em primeiro lugar para conseguir responder à altura, fazer frente e ter um bom entendimento sobretudo com a juventude.

A urbanização, foco do documento, é marcada pelo cansaço e sinais fortes na sociedade, de acordo com Dom Jaime. “Nas escolas, o número é grande de jovens que se automutilando, se suicidam, nas periferias temos a violência”, exemplificou o bispo, que questionou: “Como responder a isso?”. Dom Jaime prosseguiu: “Isso nos desafia a transmitir a fé às novas gerações. (…) O Papa pede ousadia para nós em uma sociedade marcada por complexidade e desafios e uma riqueza de diversidades”.

Dom Mário Silva, segundo vice-presidente da conferência, acredita que o momento é de continuidade e renovação. “Olhar a comunidade com mais atenção e cuidado, (…) expressando a natureza missionária da Igreja”, observou. De acordo com o bispo, é preciso olhar para as comunidades e identificar virtudes e defeitos, pois elas oferecem propostas e respostas. “Precisamos continuar semeando e cultivando”, apontou.

Imigrantes e refugiados

O tema migração e refúgio ganhou destaque na coletiva. Dom Mário retomou a necessidade da sociedade olhar para a dimensão da vida humana, como forma de reconhecer ameaças e lacunas. “A questão migratória é um fato mundial!”, afirmou. O bispo pontuou a intensidade do assunto na diocese em que atua – a de Roraima -, e recordou a existência de um fluxo contínuo de migração e a urgência de comunidades mais solidárias no Brasil.



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