COP26 deve afirmar centralidade do multilateralismo e da ação


01/11/2021 - 14:13
Mais de 30 mil delegados se reunirão, em Glasgow, para a XXVI Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas

Será a maior cúpula internacional que o Reino Unido já sediou. No cenário vitoriano de Glasgow, mais de 30 mil delegados, quase 200 líderes mundiais, especialistas em clima e ativistas se reunirão em torno da mesa da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

O objetivo será atualizar os planos de redução de emissões para combater os níveis de aquecimento global. Em 26 de outubro, o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, lançou um novo alarme, pedindo ações concretas para proteger o planeta: “Estamos no caminho certo para uma catástrofe climática”, disse ele, comentando o Relatório de 2021 sobre a Lacuna de Emissões. A era das meias-medidas e falsas promessas deve terminar e o tempo para fechar a lacuna de liderança deve começar em Glasgow”. 

Na última sexta-feira, 29, numa mensagem de áudio-vídeo para a BBC, olhando para a conferência a ser realizada na cidade escocesa, o Papa Francisco convidou a “escolhas radicais” para tirar a humanidade das muitas crises transversais e interconectadas pelas quais está passando. O cardeal Pietro Parolin guiará a delegação da Santa Sé em Glasgow. Eis o que disse na entrevista à Rádio Vaticano/Vatican News.

Sua Eminência, abre-se a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas Cop26. Com que objetivo a Santa Sé estará presente?

A COP26 é a primeira Conferência da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas a ser realizada depois da difusão da Covid-19, bem como a Conferência que deve sancionar as formas concretas de implementar os compromissos previstos no Acordo de Paris de 2015. Sabe-se que o percurso para sua implementação eficaz, também à luz da pandemia, é bastante complexo e incerto. É verdade que foi iniciado um processo de transição para um modelo de desenvolvimento livre de tecnologias e comportamentos que incidem nas emissões de gás de efeito estufa; a principal questão é quanto será rápido esse processo de transição e se será capaz de respeitar os prazos ditados pela ciência. A Santa Sé espera que a COP26 possa realmente reafirmar a centralidade do multilateralismo e da ação, inclusive através de agentes não-estatais. Dado o ritmo lento do progresso, a importância da Conferência de Glasgow é significativa, pois através dela a vontade coletiva e o nível de ambição dos Estados podem ser medidos e estimulados.

A edição anterior em Madri foi encerrada com um convite a “esforços mais ambiciosos”. O senhor disse: “Este é um desafio para a civilização”. O que está no horizonte agora?

Estamos vivendo um momento significativo de nossa história. As respostas à Covid-19 e às mudanças climáticas podem realmente dar seguimento à esperança expressa pelo Papa Francisco na Laudato si’ que, “enquanto a humanidade do período pós-industrial talvez seja lembrada como uma das mais irresponsáveis da história, espera-se que a humanidade do início do século XXI possa ser lembrada por ter assumido generosamente suas graves responsabilidades”. Este é um desafio de civilização em favor do bem comum e de uma mudança de perspectiva, que deve colocar a dignidade humana no centro de toda ação. Fenômenos globais e transversais como a pandemia e as mudanças climáticas destacam cada vez mais a mudança de rumo solicitada pelo Papa Francisco, com base na consciência de que devemos trabalhar todos juntos para fortalecer a aliança entre o ser humano e o ambiente natural, com especial atenção às populações mais vulneráveis.



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